sábado, 3 de setembro de 2011

Recolho meus encantos e inibo desventuras como quem brinca com fogo. O dia amarelo-azulado me lembra que te mostrei minha lágrima hoje. Só você a vê. Juro, jurei por muito tempo que só eu a veria, e agora nem eu mesmo mais as vejo. Vivo de utopias simples, sinceras. Teus sinais não me confundem, teus cabelos não serviram de camuflagem. Enxergo hemácias enormes, teu signo se perdeu com tua maturidade. Sou seguro de mim; seguro, tão seguro, que ninguém me vê assim. Me asseguro no teu afeto noturno. Te perco todas as manhãs e batalho o dia todo pra te ter a noite. Teus olhos embebidos de sabedoria me repreendem ocasionalmente pelo excesso. Me perco com tua pele, com os sentimentos, com minha semântica, e por isso pareço complexo. Eu, e quando digo eu, devia dizer nós – eu mesmo, minha língua, meus textos –, sou simples quando visto de fora; o problema é que me perco e não consigo deixar que você fique longe de mim. Me conhece bem por dentro e sabe tudo que eu sinto. Desregulo involuntariamente minhas glândulas lacrimais e tudo aquilo que sai me mim se refere a você: minha vida, meu amor, minha mulher.

Guilherme Quintanilha