quarta-feira, 30 de março de 2011

Ainda me perco pelo teu rosto,
Teu gosto diluído na minha saliva;
Gota por gota.

Me apego ao teu andar em desalento,
Pelo momento que teu cabelo é soprado,
Teu cheiro trazido pelo vendo,
Tua cor marcada na minha pele.
Fio por fio.

Guilherme Quintanilha

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pra você


Quero possuir tuas curvas acentuadas,
Roubar tua língua dura,
Arrancar teus olhos meus,
E fixar-me sobre meus teus,
Sempre teus.

Gosto do teu corpo maduro,
Tua pele flamejante em apelo,
E no teu cabelo me apego,
Escorrego meus dedos pelo teu pelo,
Pelo teu pensamento enfermo,
Pelo tua cabeça em sossego.

Sofro com tua boca curvada,
Arredondada,
Como um sinal de atenção,
Ou pretenção,
Senão,
Ou então,
Eu te amaria também.

Aqui dentro tem tanta coisa,
E lá fora só chove água fria.

Te amo também por muitas coisas,
E outras,
E também te amo pelo simples fato do livre abítrio:
Aquilo de poder amar qual um,
Mas me fez o teu refém.

Guilherme Quintanilha

domingo, 13 de março de 2011

O cair de Darwin

É gostoso sentí-la na ponta da língua, e salivando, perceber minhas angústias sendo afogadas, meios anseios sendo empurrados por entre os dentes. As cáries talvez sejam meu amanhã - as cáries ou os tátaros; sempre empurro dúvidas para embaixo do tapete. O mau hálito advém das brigas internas, do estômago deslocado, da obturação caída.
Cair é a única coisa certa da vida.
Mais que morrer.
O cair de Darwin,
Mais que morrer.

Guilherme Quintanilha

terça-feira, 1 de março de 2011

Sentido particular

Amo tanto o teu momento
Que olho teu olho sereno
E vivo teu alento
E quando me mostro pequeno
O vento, que insite em me alimentar,
(Ou me frustar)
Ofusca meu olho.
Meus sentidos são encobertos
Por míseros poemas -
Míseros e mínimos.
Sinto muito mais do que meia duzia
Disso inho aqui,
E quando tento passar o ão de lá,
Eles se tornao endo:
Morrendo,
Correndo,
Sofrendo.
E respiro muito mais que adjetivos,
Pode ter certeza, meu amor,
A vida é o nosso momento,
Meu e teu,
Que embora seja pequeno,
(o sentido da vida, não o nosso encontro solene),
Ela se torna suada,
Mudada,
Sintetizada,
Chupada. 

Guilherme Quintanilha