segunda-feira, 25 de abril de 2016

De repente te vi quando cresci. Você me olhava magistralmente, tentando mostrar algo com o olhar, enquanto te encarava meio sem jeito, meio sem querendo acreditar. Sentia teu cheiro misturado com qualquer outra coisa que me lembrava àquela cidade, sentia meu corpo aberto criando maturidades inexistentes, experiências irreais enquanto você não vinha; te esperava inerte atrás de algum motivo que não me fizesse continuar ali com as minhas coisas, minhas esperanças, com meu olho vago insistindo em esperar você voltar, olhando pra porta a cada cinco minutos, quatro, três, a qualquer tempo que conseguisse me segurar e entoasse pra mim mesmo “agora só vou olhar no próximo minuto”, segundo, hora, quilômetro, qualquer medida que me separe desse hiato que nos consumiu o tempo, que nos consumiu no tempo, enquanto ora esperava você abrir a porta, ora não, ora desistia, olhava pra janela como se ainda fosse a porta, via estrada, mato, cerca, via a hora, mas você não entraria mais; passava rua, cidade, mais de ano e ouvia teu sorriso no fundo, confortando meu coração, confrontando o que sentia naquele momento: o barulho da chave inexistente, o gato que perambulava pela sala, indo à porta, me mostrando a saída, lembrando que há entrada, e você entra, embora eu não saiba mais se é você, você entra.

Um comentário:

Thamires Figueiredo disse...

Poxa.. eu me identifiquei!