Procuro um feixe de luz que me consuma nesse hiato que nos separou. Dou dois passos tortos, minha cabeça dá voltas pelo meu corpo. Quero mais amor do que posso sentir!, declamo, sentado no chão. E antes que o tempo possa me mostrar o contrário, te resgato. Tenho os ombros livres, não sei até onde o amor é justificável ou justificado. Vou te deixar voar de volta pra mim, seguindo o vento. Você estava olhando pro outro lado, me disseram um tempo atrás; embora eu sempre estivesse aqui, pretendendo estar aqui. A esquina ficou lá, os bancos da praça ficaram lá, e não quero estar com eles de novo. Estou aqui com nossas coisas, reunindo nossos projetos que estavam pelo chão, recolhendo seus fios de cabelo pelo travesseiro. Minha convicção é clara e simples: dará certo se quisermos. Meu ego ainda por baixo de algum tapete pulsa por orgulho de mim. O frio é necessário. Não sei se o espelho é cônvaco ou convexo, mas consigo te ver inteira, acreditando no branco dos seus olhos, mesmo de costas, ouvindo tua voz aguçando os meus sentidos fracos. Espero que saiba onde está pisando, o vidro é fino, dá pra ver a água por baixo do gelo, não quero arriscar pensando que essa merda de aquecimento global é mentira. A vida já nos disse várias vezes: olha pra direita, olha pra esquerda, olha pra trás; e eu estou aqui, continuo aqui, ainda aqui, pra que você possa olhar sempre pra frente.
Guilherme Quintanilha