quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Lamento utópico

Petrópolis, RJ - 12/06/2009
    Eu ainda não estou pronto pra ver a minha partida. Seu sentimento ainda está aqui dentro; sou sentimental, farei o que? Sua maneira de me poupar é inútil, preferia fugir para todos os lugares dos quais possa olhar e lembrar de você. Não entendo como pode ser tão fria, tão calculista. Esmiuço minha dor a fim de esgotá-la: lembro dos seus beijos perto dos carros, nossas loucuras pela rua, sua dificuldade em atravessá-la, nossas despedidas demoradas, sua paranóias, seus cuidados, as intermináveis conversas pelo telefone, as saudades inexplicáveis, sua cara de sono mesmo sem sentí-lo (por causa da anfepramona), seu cuidado com os cabelos, ajeitando-os fio por fio. Você tentou me regastar sozinha, eu não tinha noção do que estava fazendo. Sempre falei em preferir a solidão às más companhias, mas eu sempre estava ali, nunca lhe dei as costas - nunca mesmo. Nossa cumplicidade se esgotou com a sua falta de vontade em resgatá-la - ¨até onde posso ir pra te resgatar?¨. Estou fraco pra entender como tudo acaba do nada. Não quero entender. Durmo pensando em você, acordo pensando em você. Sua imagem vai e vem na minha cabeça durante todo o dia: seja para o bem ou seja para o mal. É difícil de esquecer, tem uma ferida enorme aqui dentro que abre mais a cada dia. Cada dia é interminável. Toda dor é inesgotável.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre maravilhoso!

gabi disse...

Agora toda dor que me aparece, resolvi sentí-la até esgotar. Me convenci que dói mas passa.
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Então, moço, eu quase não chego aqui, hein?
Obrigada pelo seu comentário lá (:

José Sousa disse...

Adorei seu post! Gosto de ler o que escrevem, pois só assim aumenta minnha sabedoria.
Tmbém gostei de seu blog. Parbéns.

Um abração.
Um Feliz Natal.