terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Oscilando entre o tempo e as probabilidades



    Você devia ter me ligado, o amor tem muito de costume também. Devia ter me ligado nem se fosse pra não falar nada, pra dizer que estava com saudade quando não estava, pra ouvir minha voz, pra se lembrar que eu existo e que eu era teu. Devia sim, incontestavelmente. Eu ainda tentava algo mais, mandava uma mensagem pro teu celular, um depoimento no Orkut, e você fingia que não via. O amor tem muito de valer a pena também. Se você achasse  que eu valia a pena, teria me ligado, respondido meus SMS. E o amor tem muito de querer também. Se você quisesse ia até minha casa e tentava se apaixonar por mim de novo, nem que só fosse pra alimentar uma ilusão. Viver é andar por um fio, é estar por um triz. Não é porque nosso relacionamento entrou na rotina que a corda estava arrebentando. Não é bem assim. A linha sempre foi fina e sempre esteve quase arrebentando. A única diferença era que estávamos no começo, tudo era desconhecido, excitante. Pelo contrário, o fio passava a ser cada vez mais grosso. Em cada dia a mais a dificuldade em nos separarmos seria maior. Vinha adquirindo algumas características tuas, meu olho amanhecia com rímel, as vezes uma unha acordava pintada, seu sinal passava pra minha perna, tinha sintomas de TPM mensalmente. E o amor tem muito de viver também. Você devia ter vivido pro amor, alimentá-lo até a exaustidão, ter se entregado integralmente. E viver tem muito de amar também; é ter coragem de se balançar na corda fina, é alimentar um sentimento que nem sabemos ao certo o que é, só pra ter uma companhia, só pra poder dizer que viveu e amou, só pra dizer que tudo é pra sempre.

Guilherme Quintanilha

11 comentários:

Junior Rios disse...

Um amor amado somente por um, que ficou perdido no meio do caminho, enquanto, aquela que mais queria, dava sinais de despedida.
Como sempre, perfeito!

Abraços

Anônimo disse...

Bom, não considere como plágio, mas uso as suas palavras, no meu blog [aliás, obrigada pelo comentário!], para elogiar este post: adorei as sutilezas! A forma, simples e marcante, que você descreveu cada ato, tão ímpar para um casal, faz qualquer um refletir, e lembrar das experiências próprias. Parabéns!

O Misantropo disse...

De volta das férias e não poderia deixar de visitá-lo.
"Amor é ter coragem de se balançar na corda fina". Guilherme, aqui você resume sabiamente o que amor.
Como sempre, tudo muito bom!

Abraços!
O Misantropo

Junior Rios disse...

Olá Guilherme!Tem selos para você no Sin Parangón, passa por lá depois,ok?

Abraço

Thamires Figueiredo disse...

' perfeito isso aqui.

Jân Bispo disse...

Eu sempre me surpreendo com a intensidade de suas palavras, seus textos sempre simplificam sentimentos incriveis de maneira perfeita. Amar é tudo isso, tudo isso que faltou, toda a falta de coragem, toda a falta de audacia, de vida, de vontade, de ligação! rs... sucesso e abraços!

gabi disse...

Ei, Guilherme, que texto foi esse, hein? Tão delicado, honesto, tocante. De verdade, sabe? Eu poderia (e queria) ter escrito isso. Invejinha literária de você.

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Duas coisas:
1. eu nunca tinha reparado na quantidade de marcadores que vc tem, .-.

2. você poderia por favor, escurecer um pouco a cor da fonte dos textos? é que branco no preto cega um pouco.
bj

Gabriela Freitas disse...

Incrivel teu espaço é claro que estou seguindo!

Guilherme Navarro disse...

Fiquei lisonjeado de você imaginar que eu já escrevi um livro. Mas não, nunca. É um sonho ainda distante...

Enfim, excelente post. Desculpa a demora pra responder, mas é porque andei um tempo sem escrever e retomei por agora.

Grande abraço!

Olga Durães disse...

Amar sozinho é muito sem graça.

Anônimo disse...

Oi Guilherme! Tem selos pra vc lá no meu blog, viu?

beeijo